Mundo
A semana foi de decisões de política monetária por parte de alguns dos principais bancos centrais do mundo. Nos EUA, o FED - banco central americano - anunciou ao fim de seu comitê a elevação de sua taxa básica de juros em 0,75p, concretizando a decisão esperada pelo mercado e chegando a 3,25% ao ano. A nota emitida ainda reforçou o objetivo central de inflação no patamar de 2% diante de um mercado de trabalho aquecido e desequilíbrio entre oferta e demanda.
Os dados divulgados ao longo da semana sustentam os argumentos. As solicitações de seguro-desemprego no país cresceram abaixo das projeções, indicando que o desemprego deve continuar em nível historicamente baixo. O mercado imobiliário, por sua vez, trouxe sinais mistos. Ainda que as licenças emitidas para novas construções tenham volume 10,0% menor em agosto com relação a julho, a construção de novos domicílios cresceu 12,2%. Os índices PMI divulgados pela S&P também foram mistos, com o agregado subindo de 44,6 para 49,3, mas ainda em patamar de desaceleração.
Na Europa, as tensões relativas à guerra e a consequente crise energética seguem ditando o ritmo do mercado. A inflação ao produtor alemão novamente assustou, superando por muito os 1,6% projetados para agosto e chegando a 7,9%. Em 12 meses, o índice já acumula 45,8%. A conjuntura segue afetando o humor dos agentes econômicos da região, refletindo em uma queda do PMI agregado da Zona do Euro de 48,9 para 48,2.
O Reino Unido apresentou queda mais intensa, com seu PMI agregado caindo de 49,6 para 48,4. A variação ocorreu após a decisão do Bank of England de elevar sua taxa de juros em 0,5p. Agindo de maneira unânime, o comitê atendeu às expectativas do mercado. O BoE ainda definiu o momento do país como de “recessão”.
Confira o desempenho das bolsas ao longo da semana:
S&P 500: -4,10%
Dow Jones: -3,46%
Nasdaq: -3,59%
STOXX 600: -4,39%
B3: 1,64%
Dólar: -0,33% (R$5,23)
Brasil
O Relatório Focus emitido pelo Banco Central mostra que as expectativas de inflação seguem caindo. A projeção mediana de mercado já é de 6,00% para o fim de 2022, uma queda de 0,4p em uma semana. O crescimento do PIB para o ano cresceu 0,26p e é projetado em 2,65%.
Na quarta-feira (21/9), o Comitê de Política Monetária do BACEN decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75%, encerrando o forte ciclo de aperto monetário que partiu de uma Selic de 2,00% no início de 2021. Apesar de ocorrer de acordo com as projeções de mercado, a decisão não foi unânime: 2 dos 9 membros do Comitê votaram por um novo aumento que levaria a taxa a 14,00%.
“O Comitê se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, declarou o Copom em comunicado.
Rússia começa a absorver territórios ucranianos
O governo russo iniciou referendos de integração em regiões ucranianas nesta sexta-feira (23/9). As províncias ocupadas de Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia terão votações durante 4 dias, em um processo considerado pouco legítimo internacionalmente e que é mais um passo na elevação da tensão na região.
Inglaterra anuncia cortes de impostos
O governo da nova premier Liz Truss aposta em cortes pesados em cortes na alíquota máxima do imposto de renda e no cancelamento de um aumento de impostos corporativos já programado. As políticas inspiradas na agenda conservadora dos anos 1980 pretendem dobrar a taxa de crescimento do país. Apesar disso, os mercados veem as ações com ceticismo, temendo pelo desequilíbrio fiscal do país e derrubando a libra esterlina.
Fontes: TradingView, Investing.com, BP Money, InfoMoney, FED, FGV, IBGE, Bacen, CNN, Uol, BM&C News, G1, Reuters, Valor Econômico, BBC, S&P, CNN, Bloomberg, UOL.
Edição 23/09/2022.